Relatoria - 1ª. Reunião de Coordenação da Biblioteca Virtual em Saúde Brasil
Painel II - A BVS em perspectiva
Na abertura do segundo painel, Abel Packer, diretor da BIREME, apresentou um
panorama atual da BVS. "A biblioteca é real. Virtual é o
processo de busca e recuperação de dados. A BVS parte do princípio
de todas as bibliotecas de reunir, preservar a coleção e democratizar
o conhecimento", explicou Packer. A grande mudança de paradigma
entre real e virtual, na opinião de Packer, é a transição
do gerenciamento de livros e estantes, para o âmbito eletrônico
e o grande "arquivo" da Internet.
Outro ponto que mereceu uma observação do palestrante foi a discussão
sobre textos completos versus metadados. A crescente inclusão de textos
completos na Internet não exclui a criação de bases de
metadados. Ao contrário. "Esses índices organizam a enorme
quantidade de informação disponível, facilitam a busca
e recuperação de dados e asseguram o controle de qualidade",
declarou Packer. "O grande desafio é conseguir manter os registros
metadados na mesma velocidade da criação e publicação
de textos eletrônicos completos."
Ponto nevrálgico
Compartilhar informação é compartilhar poder. E nem todos
estão dispostos a isso. Por esse motivo, construir e manter a Biblioteca
Virtual requer um trabalho de conscientização, quebra de paradigmas
e constante revitalização. Packer mostrou o histórico de
reuniões e congressos ligados à BVS e todos os fundamentos e documentos
que orientam o trabalho em prol da disseminação do sistema BVS.
"Precisamos estar sempre em movimento, nos encontrando e discutindo os
caminhos da Biblioteca Virtual", esclareceu o diretor da BIREME.
A saúde é aprimorada na mesma proporção em que
o conhecimento científico se amplia. Este conhecimento, por sua vez,
é gerado a partir da informação e seu fluxo (um dado só
tem sentido quando é disseminado). Seguindo esse modelo, a BVS deve registrar
esse fluxo de informação pela Internet. "A proposta é
que a Biblioteca Virtual possa não só receber informação,
mas também gerar pontos de geração de informação",
explicou Packer.
Implantação
O modelo BVS foi concebido para operar de forma descentralizada e independente.
Sua implantação, entretanto, depende da adoção de
alguns parâmetros básicos:
- Articulação ou acordo para adoção do modelo;
- Estabelecimento obrigatório de um Comitê Consultivo. Esse comitê
é responsável pela qualidade e variedade de artigos da BVS;
- Elaboração de um plano de desenvolvimento (com previsão
de financiamento);
- Concepção de uma página principal física na
net (site);
- Distribuição de responsabilidades do Comitê na operação
de fontes de informação.
Mais detalhes podem ser obtidos em http://www.bireme.br/crics5/E/guiabvs.htm
Ao concluir sua apresentação, Packer alertou: "O desafio
que temos agora é definir como descentralizar mais e mais a BVS, mantendo
a recuperação da informação rápida e fácil
para o usuário. Além de considerar que trabalhamos com uma variedade
de idiomas, o que não existe no Hemisfério Norte".
Trabalho a mais?
Estabelecer uma Biblioteca Virtual em Saúde significa necessariamente
mais trabalho, menos horas de descanso e uma duplicação das atividades
dos responsáveis pela implantação do modelo. A frase acima
pode retratar o que acontece atualmente, mas ela deveria ser uma inverdade.
Jorge Walters, coordenador da unidade de Tecnologia de Informação
e Desenvolvimento de Sistemas (TIS), da BIREME, baseou sua apresentação
na desmistificação deste conceito. "É necessária
uma adaptação das atividades para um novo meio de comunicação
- a Internet. Entretanto, como ainda estamos na transição, muitas
vezes lidamos com os dois panoramas simultaneamente, o que gera mais trabalho",
explicou Walters.
É preciso considerar por exemplo, como é complicado escrever
em papel ou em Word e transferir posteriormente para formato Internet. Com a
incorporação da Tecnologia da Informação (TI) no
cotidiano, passar-se-á a pensar e produzir diretamente e só para
a net. "Então o trabalho dobrado desaparecerá", conclui
Walters. Essa teoria é a mesma que corrobora a sustentabilidade de um
projeto como a BVS.
"Em lugar de conseguir dinheiro para mais um projeto, tenho que ser sustentável
por que estou substituindo um trabalho que já existia. É apenas
uma questão de realocação dos fundos existentes",
teoriza Walters.
Anjos tecnológicos
Uso das tecnologias de informação tem sentido somente se elas
são aplicadas e disseminadas aos pares.
As TI devem apoiar as práticas de trabalho das instituições;
As instituições devem adotar TIs conforme suas necessidades -
nem mais, nem menos;
As TI não funcionam com modelos antigos de uso (filosofia). É
preciso avançar para o novo panorama, pensar para web;
"Podemos comparar esse momento com o início da televisão
no mundo. Naquela época, os primeiros programas eram 'rádios filmados'.
Com o tempo, as pessoas aprenderam a pensar para a televisão. Acontece
o mesmo com a Internet", colocou Wlaters.
O modelo de Internet também pede a mudança do papel do profissional
de informação. Ele agora passa a ser o facilitador entre os diferentes
atores do processo. "Temos que ser como anjos, que trabalham duro como
intermediários na vida de cada um, mas que ninguém vê",
descreveu Walters. Para isso, obviamente os especialistas de informação
precisam conhecer as TI mais avançadas.
Segredos do caminho
Conhecendo e incorporando as TI, os profissionais da informação
poderão:
- Desenhar para o novo panorama (ao contrário de automatizar logicas
caducas);
- Cumprir objetivos organizacionais (é prejudicial colocar os sistemas
por sobre a instituição);
- Pensar globalmente (pouca fragmentação / elaboração
de soluções globais a partir das locais).
"A BVS não significa mais trabalho, mas trabalhar de forma diferente",
afirmou Walters.
O dilema da indexação
A tarefa de Adalberto Tardelli, coordenador da unidade de Operação
de Fontes de Informação, na Reunião de Coordenação
da BVS foi traçar um paralelo entre a indexação automática
e a manual. Empreitada complicada, já que há muita discussão
em torno do assunto.
Com base em exemplos práticos, Tardelli mostrou que a indexação
automática é mais econômica e, mesmo não sendo humanamente
seletiva, pode apresentar um número mais significativo de dados recuperados.
Além disso, o trabalho automático permite uma atualização
mais rápida do banco de dados.
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